Comentavam ontem os jornalistas da Rádio LAC, com indisfarçável orgulho, que, contra as expectativas pessimistas da comunidade internacional, em comparação com as eleições do Zimbabué e do Quénia, o povo mostrou a todos ser capaz de um civismo exemplar. Eu concordo. E também não há nada a apontar ao comportamento dos partidos.
Mas o dia de ontem, que tinha tudo para ficar na memória do povo como uma das datas históricas mais importantes de Angola, poderá ver a sua carga simbólica diminuida. Depois da UNITA, em poucas horas a oposição em peso reforçou a ideia de que as eleições devem, como determina a constituição, ser repetidas uma semana depois.
A Comissão Nacional Eleitoral decidiu que as eleições deviam continuar hoje. Mas, algumas horas após o reinício, algumas assembleias de voto ainda estavam paradas, e os colaboradores queixam-se que ainda nem sequer receberam alimentos. Realmente, de todos os intervenientes do processo, só um falhou, e com isso acabou por colocar um pouco em causa a imagem do país perante uma Europa arrogante, que não perde uma oportunidade para inferiorizar África (vejam-se os comentários da observadora italiana da UE). Resta agora saber qual vai ser a atitude da oposição perante as decisões da CNE.
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