domingo, 9 de agosto de 2009

Hillary Clinton em Angola


Angola Press:

«Unita congratula-se com a visita de Hillary Clinton a Angola»
«Barack Obama satisfeito com incremento de relações EUA-Angola»
«Hillary Clinton reconhece clarividência do Governo angolano»
«Hillary Clinton pouco interessada com o que outros fazem em Angola»
«Assunção dos Anjos realça estratégias na utilização das receitas petrolíferas»
«Angola espera cooperação frutuosa com os Estados Unidos »
«Angola e EUA manifestam interesse em reforçar a cooperação bilateral»
«EUA interessados em fornecer assistência»
«Angola promete continuar contribuir para a paz e promoção do diálogo»

TSF:
«Hillary Clinton inicia este domingo uma visita a Luanda, sendo que a questão dos combustíveis deverá ocupar um espaço importante na agenda oficial. Mas à margem desta visita, a Associação Mãos Livres «pede» à chefe da diplomacia norte-americana para não se esquecer de levantar a questão dos direitos humanos.»

AFP:
«Hillary Clinton pede eleições presidenciais livres em Angola»

Público:
«Clinton diz que presidenciais em Angola não devem ser adiadas»

RTP:
«Human Rights Watch espera que Hillary Clinton não esqueça os Direitos Humanos na visita a Angola»

Expresso:
«Carta aberta alerta Clinton para "corrupção, má governação e violação de direitos humanos"
Os economistas angolanos Justino Pinto de Andrade e Filomeno Vieira Lopes são dois dos signatários de uma carta aberta à secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, hoje divulgada, alertando para a "corrupção, má governação e violação de direitos humanos" em Angola.»

sábado, 8 de agosto de 2009

Elevar os padrõezinhos


Quando viemos para Angola já sabíamos que não íamos mudar o país. Provavelmente nem temos o direito de exigir que alguma coisa seja mudada. Somos estrangeiros, temos outros hábitos, a nossa obrigação deverá ser adaptarmo-nos. Em Portugal também não aceitaria deparar-me com motas em contramão, encontrar montes de latas e garrafas de cerveja partidas, ou ser impedido de dormir por festas barulhentas.

Isto não implica que, tendo percebido que os meninos com quem trabalhamos não estão nivelados pela média mwangolé, desperdicemos oportunidades para comparar os quotidianos dos dois países, não pela via do bota-abaixo do país deles, mas para lhes aguçar a exigência por mais qualidade de vida.

Recentemente, foram eles próprios que puxaram o assunto da economia e ecologia. A Lúcia comentava que os primos que estão em Portugal e vieram passar umas semanas a casa dela entraram em choque com o desperdício de electricidade e de sacos de plástico; o Carlos absorvia atento os nossos relatos sobre a separação de lixos, utilização de lâmpadas economizadoras, desenvolvimento de tecnologias que permitem ter automóveis menos gastadores e poluentes, aumento da produção de electricidade a partir da energia solar e eólica, e concluiu que Angola poderá, daqui a alguns anos, não ter a quem vender petróleo. Daí saltámos para a necessidade de desenvolver a agricultura, o turismo e a produção alimentar e tecnológica, para diminuir a dependência da economia do país de uma indústria suja e que, felizmente, acabou de entrar em decadência. O João, ao ouvir falar em redutores de caudal nas torneiras e em desligar luzes quando não são necessárias, comentou que a filosofia que se vive por cá é «paguei, tenho o direito de esbanjar», bem diferente da nossa preocupação colectiva. E todos acharam graça quando comentei que uma tarde sem multibanco ou sem electricidade nos arredores de Lisboa é notícia de jornal.

São apenas três jovens, de um universo de 5 milhões de pessoas que se amontoam numa cidade cuja população aumentou 900% em 35 anos. Uma população que, na sua maioria, acha normal que falte a água e a luz várias vezes por semana, não tem serviços de saúde dignos, mas para quem desde que tenham um um carro com jantes cromadas e gasolina subsidiada pelo Estado, cerveja barata, festa ao fim-de-semana e o telemóvel da moda (mesmo que não consigam fazer chamadas porque a rede não funciona), está tudo bem.

A propósito das faltas de luz: eu até aceito que tenha faltado a luz no domingo passado e neste sábado (antes isso do que dia-sim-dia-sim, como no Cassenda); o que me lixa é que falte durante 18 horas de cada vez porque os senhores da manutenção da EDEL estão a curtir as Cucas que beberam na festa da madrugada anterior.