Um dos pontos de passagem obrigatória para os “pulas” a trabalhar em Luanda é o Mercado de Arte, ao sul do Futungo de Belas. Está dividido em duas alas: a do artesanato de diferentes tamanhos, em pau preto ou pau rosa, de pais e mães (com ou sem filhos na barriga e nas costas), pensadores, elefantes, girafas, palancas e um ou outro rinocerante; e a das telas pintadas a tinta de óleo ou de areia, em tons verdes, azuis, rosa ou cor-de-cobre, onde dominam novamente as mães, as paisagens à beira-mar com cubatas entre palmeiras e embondeiros, ou o embondeiro solitário.
Mal começamos a percorrer os corredores entre as bancas de venda, somos convidados a ver os trabalhos do primeiro mestre (ou familiar de mestre), perante o olhar dos outros, que esperam por uma oportunidade para nos mostrarem também a sua obra. Claro que os preços para branco são inflaccionados. Mas, ao nosso primeiro queixume, o vendedor rapidamente nos sossega que aquele valor é apenas o primeiro, «p’rá começá á negociá».
No fundo, parte substancial dos negócios em Angola funciona na base do regateio – cada uma das partes atira um valor que sabe que a outra não vai aceitar, e ambas vão fazendo concessões até que cheguem a acordo. Quando chegamos ao ponto em que já gastámos de mais e usamos o argumento de que já só restam trocos, ainda nos perguntam quanto temos, tentando vender qualquer peça pelas últimas notas que sairem do bolso. E, mesmo que nos limpem a carteira a meio do corredor, é garantido que ainda vamos ser abordados em cada banca até ao fim.
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