quarta-feira, 31 de março de 2010

Chinatown, Africa

A reportagem «Chinatown, Africa», que aborda a investida chinesa em Angola, será transmitida esta madrugada (1 de Abril), às 2h00, pela SIC Notícias.

Pode também ser vista aqui.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vai faltar a maaassa!


Abrir uma torneira, não haver água e reagir com indiferença não é uma situação nova para quem viveu em Lisboa... no início da década de 80. Na verdade não me recordo – que diabo, na altura ainda tinha dentes de leite! –, mas recordo-me de ver lá em casa os dois bidões que os meus pais compraram para contornar a situação na altura. Com uma ressalva: aquela falta de água foi provocada por um boicote levado a cabo pelo Movimento FP25. De um modo geral, há décadas que abrir uma torneira nos centros urbanos lusos e só sair ar é uma situação pontual.
Lembro-me também de um tio meu, salvo erro numa noite de 1982 em que lhe apeteceu fazer uma piada, ter gritado para toda a rua ouvir «vai faltar a ááágua!», o que fez a minha mãe temer que o tomassem por membro daquele movimento. Ah, a doce irreverência dos 30 e poucos anos... :D
Agora é a minha vez de apregoar algo do género, não em relação à água, mas à massa. Não me refiro a carcanhol, graveto, pilim, cheta – essa já cá faltou há meses. Trata-se daquela que os nossos amigos italianos popularizaram, e sem a qual a diversidade da dieta alimentar em Angola, que não é a maior do mundo, fica um pouco mais comprometida.
O meu ponto de vista baseia-se no TRSA, Teorema da Ruptura de Stocks em Angola. Diz esta teoria que «todo o produto transportado pelos canais de distribuição é passível de esgotar por um período indeterminado, devido a complicações na logística nacional». Exemplos desta afirmação são os dísticos da taxa de circulação automóvel esgotados durante mais de metade do período em que deviam ser adquiridos pelos proprietários, sobretudo os do escalão mais baixo (sem comentários...), as cadeiras para bebés esgotadas durante o período de entrada em vigor do código da estrada em Abril de 2009 (idem), e casos avulso de diversos produtos alimentares mais ou menos banais, como atum em lata (que há uns meses atrás deixou de cumprir o seu dever de assiduidade nas prateleiras de inúmeras superfícies comerciais), natas em pacote (idem, mais recentemente) ou cogumelos de conserva (outro fenómeno de absentismo, desde há 5 ou 6 semanas).
Ninguém me tira da cabeça que estes episódios são uma cabala organizada pelos senhores do Porto de Luanda, certamente pertencentes à Confraria do Funge, contra a massa de atum! Estou certo que mais cedo ou mais tarde vamos assistir a uma ruptura nos stocks de cotovelos, espirais e esparguete. Escrevam isto.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Boas novas


Após meses sem publicar nada, trago um anúncio. Não é uma novidade para a família, nem para os amigos, nem para o pessoal da empresa que irá ter a oportunidade de mostrar o seu valor, mas é-o para quem só “contacta” connosco através do blog, e creio que é uma boa notícia para todas as partes: já está marcada a nossa saída definitiva de Angola. A da Paula, antes do Natal. Eu regressarei após as férias por mais dois meses, para que a sucessão fique completamente preparada. A pedido da dona da empresa, frise-se.
Para trás, fica o sentimento de missão cumprida, de ter contribuído um pouco para continuar a evolução de uma empresa angolana pequena e jovem. Ficam recordações de falhas em aspectos básicos provocadas por displicência, de complicações provocadas por jogos de interesses, de uma sociedade anárquica e pouco ou nada coesa, de stress constante. Mas ficam também pessoas que gostaríamos de levar connosco, para não termos de dizer «adeus». Principalmente a Lúcia e o Xavier. Que eles, as outras Lúcias e os outros Xavieres de Angola contribuam para melhorar o país. Devagarinho, que são poucos a remar para o sítio certo, e quase todos a remarem para o lado que interessa ao seu próprio umbigo.
E que um dia nos possamos reencontrar. De preferência, num país diferente.

domingo, 9 de agosto de 2009

Hillary Clinton em Angola


Angola Press:

«Unita congratula-se com a visita de Hillary Clinton a Angola»
«Barack Obama satisfeito com incremento de relações EUA-Angola»
«Hillary Clinton reconhece clarividência do Governo angolano»
«Hillary Clinton pouco interessada com o que outros fazem em Angola»
«Assunção dos Anjos realça estratégias na utilização das receitas petrolíferas»
«Angola espera cooperação frutuosa com os Estados Unidos »
«Angola e EUA manifestam interesse em reforçar a cooperação bilateral»
«EUA interessados em fornecer assistência»
«Angola promete continuar contribuir para a paz e promoção do diálogo»

TSF:
«Hillary Clinton inicia este domingo uma visita a Luanda, sendo que a questão dos combustíveis deverá ocupar um espaço importante na agenda oficial. Mas à margem desta visita, a Associação Mãos Livres «pede» à chefe da diplomacia norte-americana para não se esquecer de levantar a questão dos direitos humanos.»

AFP:
«Hillary Clinton pede eleições presidenciais livres em Angola»

Público:
«Clinton diz que presidenciais em Angola não devem ser adiadas»

RTP:
«Human Rights Watch espera que Hillary Clinton não esqueça os Direitos Humanos na visita a Angola»

Expresso:
«Carta aberta alerta Clinton para "corrupção, má governação e violação de direitos humanos"
Os economistas angolanos Justino Pinto de Andrade e Filomeno Vieira Lopes são dois dos signatários de uma carta aberta à secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, hoje divulgada, alertando para a "corrupção, má governação e violação de direitos humanos" em Angola.»

sábado, 8 de agosto de 2009

Elevar os padrõezinhos


Quando viemos para Angola já sabíamos que não íamos mudar o país. Provavelmente nem temos o direito de exigir que alguma coisa seja mudada. Somos estrangeiros, temos outros hábitos, a nossa obrigação deverá ser adaptarmo-nos. Em Portugal também não aceitaria deparar-me com motas em contramão, encontrar montes de latas e garrafas de cerveja partidas, ou ser impedido de dormir por festas barulhentas.

Isto não implica que, tendo percebido que os meninos com quem trabalhamos não estão nivelados pela média mwangolé, desperdicemos oportunidades para comparar os quotidianos dos dois países, não pela via do bota-abaixo do país deles, mas para lhes aguçar a exigência por mais qualidade de vida.

Recentemente, foram eles próprios que puxaram o assunto da economia e ecologia. A Lúcia comentava que os primos que estão em Portugal e vieram passar umas semanas a casa dela entraram em choque com o desperdício de electricidade e de sacos de plástico; o Carlos absorvia atento os nossos relatos sobre a separação de lixos, utilização de lâmpadas economizadoras, desenvolvimento de tecnologias que permitem ter automóveis menos gastadores e poluentes, aumento da produção de electricidade a partir da energia solar e eólica, e concluiu que Angola poderá, daqui a alguns anos, não ter a quem vender petróleo. Daí saltámos para a necessidade de desenvolver a agricultura, o turismo e a produção alimentar e tecnológica, para diminuir a dependência da economia do país de uma indústria suja e que, felizmente, acabou de entrar em decadência. O João, ao ouvir falar em redutores de caudal nas torneiras e em desligar luzes quando não são necessárias, comentou que a filosofia que se vive por cá é «paguei, tenho o direito de esbanjar», bem diferente da nossa preocupação colectiva. E todos acharam graça quando comentei que uma tarde sem multibanco ou sem electricidade nos arredores de Lisboa é notícia de jornal.

São apenas três jovens, de um universo de 5 milhões de pessoas que se amontoam numa cidade cuja população aumentou 900% em 35 anos. Uma população que, na sua maioria, acha normal que falte a água e a luz várias vezes por semana, não tem serviços de saúde dignos, mas para quem desde que tenham um um carro com jantes cromadas e gasolina subsidiada pelo Estado, cerveja barata, festa ao fim-de-semana e o telemóvel da moda (mesmo que não consigam fazer chamadas porque a rede não funciona), está tudo bem.

A propósito das faltas de luz: eu até aceito que tenha faltado a luz no domingo passado e neste sábado (antes isso do que dia-sim-dia-sim, como no Cassenda); o que me lixa é que falte durante 18 horas de cada vez porque os senhores da manutenção da EDEL estão a curtir as Cucas que beberam na festa da madrugada anterior.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Campeonato Provincial de Contornanço de Obstáculos


E agora, a nossa reportagem do desporto automóvel.

Terminou ontem mais uma etapa a contar para o Campeonato Provincial de Trial, disputado no traçado da Rua da Administração, no Bairro do Cassenda, preparada para o efeito pelas obras decorridas entre Fevereiro e Abril deste ano. Ao longo de duas semanas, registou-se mais de uma centena de milhar de participantes, nas classes TT e ligeiro, que, com bastante mestria, contornaram obstáculos de grau de dificuldade elevado a muito elevado, entre os quais buracos de grande diâmetro e profundidade assinalável provocados pelo desgaste do pavimento de terra aplicado há 3 meses, terminando a recta da meta com uma série de quatro caixas de visita sem tampa. Todos os inscritos receberam prémios “Kms extra para a vida útil dos amortecedores”, de valor proporcional à qualidade do percurso escolhido. O vereador do pelouro dos Desportos Motorizados da Administração Municipal da Maianga, em declarações à nossa reportagem, enalteceu o sucesso da iniciativa, cuja adesão do público e participantes excedeu as expectativas, ultrapassando o mediatismo do Campeonato de Decibeis em Motorizada. A via foi agora novamente cortada por tempo indeterminado, prosseguindo o Campeonato noutro local.


Por hoje é tudo. Não percam brevemente uma nova reportagem de outra categoria do desporto automóvel, «Campeonato Nacional de Esquivanço às Multas por Pretextos Forçados pela Polícia de Trânsito».

Adendas


Adenda ao post Um futuro brilhante:

Como é que me esqueci de referir o mítico «não há sistema»? Falha imperdoável da minha parte. Em menos de uma semana ouvi essa resposta nas agências de dois bancos diferentes.

Adenda ao post sobre Massangano:

O caro PDavid trouxe-nos (creio que da wikipédia) informação de interesse histórico sobre esta povoação e sobre Paulo Dias de Novais. Vale a pena ler, para conhecer mais um pouco.